Hoje, 14 de fevereiro de 2020, além de ser meu aniversário de 29 anos, é também um marco para a astronomia. Há 30 anos, no dia 14 de fevereiro de 1990, a sonda americana Voyager 1 utilizou pela última vez seu sistema de câmeras e fotografou a terra. Foi uma última olhada para trás a 6 bilhões de km de distância de nós. Ali, na imensidão do espaço, o que ficou registrado da Terra foi o que Carl Segan chamou de “a pale blue dot” (um pálido ponto azul). O famoso astrônomo escreveu, então, uma reflexão sobre aquela imagem:
“Olhem de novo esse ponto. É aqui, é a nossa casa, somos nós. Nele, todos a quem ama, todos a quem conhece, qualquer um sobre quem você ouviu falar, cada ser humano que já existiu, viveram as suas vidas. O conjunto da nossa alegria e nosso sofrimento, milhares de religiões, ideologias e doutrinas econômicas confiantes, cada caçador e coletor, cada herói e covarde, cada criador e destruidor da civilização, cada rei e camponês, cada jovem casal de namorados, cada mãe e pai, criança cheia de esperança, inventor e explorador, cada professor de ética, cada político corrupto, cada “superestrela”, cada “líder supremo”, cada santo e pecador na história da nossa espécie viveu ali – em um grão de pó suspenso num raio de sol. A Terra é um cenário muito pequeno numa vasta arena cósmica…”
Sagan foi incrível ao pensar sobre nosso lar, nossa unidade e a pequenez da terra diante do sistema solar e de todo o resto do universo. Concordo com ele que a visão do pálido ponto azul deveria gerar humildade e caráter no ser humano. Deveria nos levar a amar mais o próximo e cuidar do nosso lar cósmico. Mas eu preciso ir além. Esse pálido ponto azul não é um ponto qualquer. Eu o chamaria de o glorioso ponto azul, pois foi o mundo que Deus criou para abrigar homens e mulheres que são sua imagem e semelhança. Todo o universo é obra das mãos de Deus, mas sua obra prima é a Terra. Por mais incríveis que sejam as estrelas, galáxias, supernovas, quasares e buracos negros, é aqui nesse pequeno ponto azul que a glória de Deus brilha mais fortemente.
Em sua reflexão, Sagan também escreveu: “O nosso planeta é um grão solitário na imensa escuridão cósmica que nos cerca. Na nossa obscuridade, em toda esta vastidão, não há indícios de que vá chegar ajuda de outro lugar para nos salvar de nós próprios”.
É aqui que o cristão tem uma esperança maior que a do astrônomo e cientista. Precisamos de salvação. Salvação de nós mesmos, como diz Sagan. E a encontramos em Deus. No Deus que veio de “outro lugar” e pisou neste pálido ponto azul. De todos os planetas e mundos possíveis, o Filho eterno de Deus habitou naquela pequena poeira estelar registrada pela Voyager 1. Foi aqui que uma cruz foi erguida para redimir e homem e todo o universo. Um planeta que abriga a obra prima de Deus e que recebeu o próprio Deus jamais será apenas um ponto pálido no escuro espacial.
Somos pequenos. Somos pecadores. Precisamos de salvação. Mas temos um Deus grande, santo e salvador. O glorioso ponto azul será ainda mais glorioso quando o poder do evangelho o restaurar por completo. Estaremos então no glorioso e eterno ponto azul. Deus habitará para sempre conosco neste mundo. E se uma sonda olhar novamente para a Terra, o que ela verá será o mistério de uma eternidade de adoração, alegria e presença de Deus. Ela verá a glória dos tronos de Deus e do Cordeiro (Ap 22.3)!