O que a mídia internacional tem chamado de “quebrando tabus”, na verdade é uma fuga do que Lutero conquistou. A EKD está se abrindo para aceitar reivindicações, resultando em mudanças. A primeira se deu em 1940 com a abertura para a ordenação de mulheres. Após 75 anos da decisão, consta que 33% dos ordenados são do sexo feminino. Em 1992 houve a nomeação da primeira bispa. Agora, a EKD incentiva uma campanha de “equiparação de gênero” pela instituição.
Uma das mulheres a desfrutar das novas regras da Igreja Luterana na Alemanha é Margot Käßmann, que assumiu o mais alto posto da EKD entre 2009 e 2010 e atualmente serve como “embaixadora da reforma”. Um artigo da BBC, publicado no dia 3 de setembro deste ano traz uma fala reveladora. “A ordenação de mulheres é uma consequência da teologia do batismo de Lutero. Para ele, todo cristão batizado pode ser padre, bispo e até papa, então essa premissa é válida também para as mulheres”, afirma.
Novas diretrizes
Agora, a EKD afirma o compromisso de “combater o preconceito contra homossexuais”. Em 2013, a igreja publicou novas diretrizes para o modelo familiar e passou a considerar como família “qualquer núcleo onde haja amor”, abandonando a ideia bíblica de pai e mãe casados e filhos. A instituição passou a aceitar parceiros do mesmo sexo. Para se justificar, a EKD lembrou que “padrões tradicionais eram contestados há anos e essa luta havia alcançado mudanças sociais e legais que reconheceram a diversidade familiar e a igualdade de direitos entre os membros de diferentes constelações familiares”.
A decisão veio antes da formalização legal do casamento entre homossexuais pelo Parlamento da Alemanha, que só foi legalizado pelo Estado em junho deste ano. Segundo a BBN, a primeira congregação que ofereceu a cerimônia de casamento para gays foi a de Hessen-Nassau, na região de Frankfurt. Depois dela, outras quatro seguiram o exemplo. Ao todo são 20 congregações e em algumas das que ainda não aprovaram a mudança, é oferecida uma “benção” para casais homossexuais.
A nova regra resultou na aceitação aberta de pastores homossexuais e seus parceiros. Margot Käßmann ainda afirmou: “A igreja da Reforma precisa se transformar continuamente. Ela não é uma instituição imóvel, mas feita por pessoas e por isso pode aprender”, finalizou.