0

O sociólogo Silvio Grimaldo (esquerda) e o jornalista Paulo Briguet (direita). (Foto: Reprodução).

Por Rafael Machado

Será que há alguma linha que una, ou pelo menos tente, juntar “Crime e Castigo”, de Dostoiévski, “O Futuro do Pensamento Brasileiro”, de Olavo de Carvalho, e “O Sermão da Montanha”, de Agostinho de Hipona? Se gastarmos nossos neurónios, conseguiremos traçar um comparativo entre a surrealidade do pacífico K em “O Processo”, “Admirável Mundo Novo”, do sempre atualíssimo Aldous Huxley, e até “Antígona”, de Sófocles?

Esse é o objetivo principal do projeto A Volta Ao Mundo Em 22 Livros, uma releitura dos principais clássicos da literatura mundial que é realizada quinzenalmente nas dependências da Associação Comercial e Industrial de Londrina (Acil). A proposta nasceu de conversas triviais entre o jornalista Paulo Briguet, colunista na Folha de Londrina, um dos mais importantes jornais impressos do Paraná, e o sociólogo e editor Silvio Grimaldo.

Em entrevista ao Portal Dois Dedos de Teologia, Briguet conta que bebeu sem moderação de uma verdadeira expedição cultural protagonizada pelo professor José Monir Nasser, falecido em 2013, que se propôs, no início dos anos 2000, a discutir as 100 maiores obras literárias do Ocidente. As aulas gravadas, que estão sendo transformadas em livro pelo SESI Paraná, tiveram que ser interrompidas no 93º livro pela morte do docente. “Nenhuma sociedade pode ser rica antes de ser inteligente”, afirmou o jornalista.

Valores eternos

Segundo Briguet, “se quisermos resolver a atual crise política, econômica e moral, temos que buscar os valores eternos. Esses princípios, sem os quais a civilização não existe, adormecem nos grandes clássicos da literatura”. A iniciativa cultural, conforme o idealizador, “refaz a inteligência através da leitura desses trabalhos, que, dentre vários outros pontos em comum, têm algo a dizer sobre a sociedade contemporânea”.

Leitor fidedigno da realidade brasileira, Briguet avalia que “a seleção tem muito a dizer sobre as dores que o Brasil vive atualmente, sobre aquilo que vemos diariamente no noticiário”. Para o colunista, “o retorno a esses livros oferta uma verdadeira ampliação intelectual para quem participa com afinco”. “1984” e “A Revolução Dos Bichos”, dois dos maiores clássicos de George Orwell, mesmo publicados na década de 40, não se perderam no tempo. “Preciosidades assim estão servem para os dias de hoje e ajudam a explicar o presente”, conclui Briguet.

A leitura das obras selecionadas não é obrigatória. Os encontros acontecem de 15 em 15 dias. Confira a lista completa dos livros que já foram ou serão objeto de discussão:

Antígona (Sófocles)

Apologia de Sócrates (Platão)

A Revolução dos Bichos (George Orwell)

Admirável Mundo Novo (Aldous Huxley)

1984 (George Orwell)

Sussuros (Orlando Figes)

O Processo (Franz Kafka)

O Alienista (Machado de Assis)

A Brincadeira (Milan Kundera)

O Rinoceronte (Eugene Ionesco)

Macbeth (Willian Shakespeare)

Otelo (Willian Shakespeare)

O Poder e a Glória (Grahan Greene)

O Zero e o Infinito (Arthur Koestler)

O Futuro do Pensamento Brasileiro (Olavo de Carvalho)

Um Inimigo do Povo (Hernik Ibsen)

Crime e Castigo (Fiodor Dostoievski)

Pais e Filhos (Ivan Tugueniev)

Sob o Sol de Satã (Georges Bernanos)

A Invasão Vertical dos Bárbaros (Mário Ferreira dos Santos)

A Rebelião das Massas (José de Ortega y Gasset)

O Sermão da Montanha (comentado por Agostinho de Hipona)