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Sim, o livro que foi adaptado para um filme traz de volta a discussão de uma obra que se tornou um fenômeno de público. Mas qual motivo fundamenta a razão de estarmos falando novamente sobre esse assunto?

Teologia ou ficção?

Quando se abre o livro A Cabana, em sua ficha catalográfica, encontramos o registro de seu assunto: uma obra de ficção americana. Nós sabemos que obras de ficções não possuem compromissos com a verdade, porém esse recorte não foi respeitado. E preciso dizer que tanto o público de A Cabana, como o próprio autor são responsáveis por um gravíssimo erro, tentar ‘encaixar’ uma obra de ficção na doutrina da Trindade para explicar um dilema antigo e profundo a respeito do sofrimento humano. Se Deus quer impedir o mal e não consegue então ele não é onipotente, mas se ele pode impedir o mal e não consegue, então ele não é bom, assim Epicuro, filósofo grego do período helenístico lança seu argumento.

Por que faz-se necessário refletir novamente sobre esse assunto? Simples, em meio a uma sociedade pós-moderna onde se afirma diariamente que toda a verdade é relativa, percebo cristãos afirmando que somente após ‘entrarem’ na Cabana conseguiram compreender a realidade da Trindade. Não! Não entenderam a Trindade, pois o Deus verdadeiro, complexo e soberano está revelado nas Escrituras.

Meias verdades e ilusão

A Cabana acaba oferecendo uma certa teologia camuflada em ficção, onde se apresenta meias verdades, de uma meia teologia que revela um meio deus para uma sociedade pós-moderna que possui uma meia espiritualidade – leia-se “espiritualidade aberta” – fundamentada na relatividade da verdade. E mais, essa geração marcada pelo consumo acaba escolhendo somente aquilo que é agradável aos seus próprios olhos para a sistematização de sua fé. Resultado: uma grande confusão.

Diante de um questionamento importantíssimo a respeito do sofrimento e sobre quem é Deus, A Cabana traz a tona falsas doutrinas a respeito da Trindade como Monarquianismo, Sabelianismo, Modalismo e Patripassianismo, mas que já foram discutidas lá no 3º século. E neste sentido, uma obra de ficção que atrai simpatizantes por um conteúdo teológico coloca em dúvida o que os concílios da igreja, pais da igreja e confissões de fé reformadas já explicaram e fundamentaram de acordo com a Palavra de Deus.

A Bíblia Sagrada é suficiente

O que tudo isso nos revela? Que infelizmente vivemos tempos que cristãos em busca de uma “teologia linda e agradável” se deixam levar por obras de ficção que romantizam, emocionam, mas distorcem o verdadeiro Evangelho.

A Cabana de novo? Por quê? Porque parece que a nossa sociedade se esqueceu que somente a Bíblia apresenta um compêndio de livros autoritativos e verdadeiros que apresentam o mais difícil pensamento que a mente humana pode elaborar: a unidade do Deus único, três Pessoas coiguais e coeternas que são um Deus. Se o desejo é compreender um pouco mais sobre o mistério da Trindade, nossa fonte primária deve ser a verdade contida nas Escrituras.

Que Deus nos abençoe na certeza de que todas as coisas ficarão bem.

Lacy Campos é casado com Junia e pai da Bella Hadassa, pastor na Igreja Presbiteriana de Leme/SP; graduado em Direito; Bacharel em Teologia pelo Seminário Presbiteriano do Sul; Mestrando em Ciências da Religião na Universidade Presbiteriana Mackenzie. Um discípulo trilhando a jornada espiritual e que acredita que, em Cristo Jesus, todas as coisas ficarão bem.