Jogos como Fortnite, PUGB e Free Fire viraram febre no Brasil e no mundo. São milhões de jogadores online e muito conteúdo para blogs e Youtube sendo produzidos sobre esses jogos. Todos os três que citei pertencem a um estilo de jogo chamado Battle Royale. Em resumo, nesses jogos, jogadores individuais, em dupla ou em grupo, caem numa ilha cheia de armas e outros itens (loot) e precisam sobreviver até o final enquanto a zona de segurança diminui com o tempo. Cada jogo possui suas variações e detalhes, mas essa é a ideia central, um jogo de combate, estratégia e sobrevivência. Com todas as opções de armas, itens, carros e a possibilidade de jogar online com seus amigos, inclusive falando com eles em tempo real, não é difícil imaginar porque esses jogos estão fazendo tanto sucesso.
Se estou escrevendo sobre eles, você já deve imaginar que estou jogando. Acertou! Minha escolha foi pelo Free Fire por ser mais leve para o celular, com ótima qualidade e jogabilidade. Tenho jogado nos tempos livres e com os amigos da igreja. Nos reunimos às vezes para comer e jogar. São ótimos momentos de comunhão e diversão! Como pastor, gosto de estar por dentro e até de participar, se possível, do que os jovens estão fazendo. E claro, gosto demais desse estilo de jogo. Gosto tanto que sei que o grande perigo que corremos é o do vício. Podemos perder muito tempo e negligenciarmos áreas importantes da vida por causa de uma boa partida de Battle Royale. Se você joga ou está pensando em jogar, tome esse cuidado!
Mas hoje não é dia de falar de vício. Vamos falar de coisa boa! Como pastor e alguém que está o tempo todo pensando na igreja, não posso deixar de falar sobre algo que sempre percebo jogando Free Fire com meus amigos. Então lá vai, segura esse drop! Quando jogamos no modo squad somos 4 jogadores contra outras equipes. É o modo mais divertido! Nele a estratégia mais comum é a de permanecermos unidos. É muito comum ouvir e falar o tempo todo: “vamos ficar juntos”, “não me deixem só”, “ei, Pedro, não vai para muito longe”. Não sei para você, mas eu não consigo ouvir essas coisas e não lembrar da Igreja de Jesus!
Ao orar por nós em João 17, Jesus pede ao Pai pela unidade da igreja como marca fundamental para o cumprimento da nossa missão no mundo (João 17.21-23). O testemunho do envio para a missão depende da unidade da igreja. Em Efésios 4, logo após a exposição dos 3 primeiros capítulos sobre a obra de Deus da salvação e ajuntamento do seu povo, Paulo fala sobre a unidade da igreja como marca fundamental (Efésios 4.1-6), que possibilita o crescimento e fortalecimento da igreja em maturidade (Efésios 4.11-16). Não fomos chamados para estarmos nesse mundo sozinhos. A igreja é esse squad lutando pelo evangelho!
Há uma particularidade nesses jogos incrivelmente parecida com um texto bíblico. Diferente do modo individual, no squad, quando um jogador é acertado e sofre grande dano, ele é derrubado e fica aguardando por socorro. Seu companheiro de equipe pode vir e levantá-lo antes que ele morra para ambos continuarem combatendo na partida. Isso acontece bastante no Free Fire. Queremos estar sempre perto um dos outros para que possamos ser levantados quando caímos ou levantarmos alguém que esteja precisando. Novamente, é impossível não lembrar da igreja. Impossível não lembrar de Eclesiastes.
“É melhor ter companhia do que estar sozinho, porque maior é a recompensa do trabalho de duas pessoas. Se um cair, o amigo pode ajudá-lo a levantar-se. Mas pobre do homem que cai e não tem quem o ajude a levantar-se!” (Ec 4.9-10)
A Igreja de Jesus foi chamada para viver em unidade! Sua vida nesse mundo hostil deve ser em plena união entre os irmãos. É assim que igrejas locais crescem e sobrevivem. É assim que cada membro cresce e sobrevive. Fomos chamados a nos congregar e admoestar uns aos outros (Hebreus 10.25). Fomos chamados a levar as cargas uns dos outros (Gálatas 6.2). Fomos chamados a confessar pecados e orar uns pelos outros (Tiago 5.16). Viver cristianismo sozinho nesse mundo é mais perigoso que cair sozinho na Mill. A vida cristã é uma vida em igreja! E a igreja não é você, somos nós!
Espero que ao ver alguém tentando viver a vida cristã sozinho você lembre de alertá-lo como no Free Fire: isolar-se é perigoso; não haverá ninguém para ajudar; distanciar-se do grupo é correr grande perigo. É impossível não jogar com amigos e não lembrar da unidade da igreja. Pense nisso e traga esses textos à mente. Estar sempre junto do squad e avançar em unidade é melhor que qualquer silenciador e mira 4x…
“O Deus que concede perseverança e ânimo dê-lhes um espírito de unidade, segundo Cristo Jesus, para que com um só coração e uma só boca vocês glorifiquem ao Deus e Pai de nosso Senhor Jesus Cristo.” (Rm 15.5-6)
Pedro Pamplona é casado com Laryssa e pastor na Igreja Batista Filadélfia, em Fortaleza. Formado em Administração pela Faculdade 7 de Setembro (Fortaleza/CE), pós-graduado em Estudos Teológicos pelo Centro Presbiteriano Andrew Jumper (São Paulo/SP) e estudante do Sacrae Theologiae Magister (Th.M) em Teologia Sistemática do Instituto Aubrey Clark (Fortaleza/CE).