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Pano de fundo do final da idade média

A Reforma começou com Martinho Lutero, mas ele foi influenciado pela doutrina e práticas pastorais que o precederam por séculos. Precisamos começar compreendendo alguns dos principais fatores que impactaram os avanços feitos na Reforma por Lutero.

1. Antes de Lutero outros viram problemas na Igreja Católica:

  • John Wycliffe (m. 1320) e Jan Hus (m. 1415), por exemplo, viram erros doutrinários dentro da Igreja Católica que precisavam ser tratados.
  • Mesmo alguns católicos humanistas como Cardinal Gasparo Contarini (m. 1542) ensinaram a justificação pela fé até que o Concílio Católico de Trento (1545–63) condenou essa visão.
  • O grande humanista Desidério Erasmo [Erasmo de Roterdã] e outros sabiam que a igreja precisava de uma reforma moral no seu alto escalão, incluindo o papado, e escreveram sátiras ácidas contra sua imoralidade.

2. Havia várias doutrinas católicas de salvação:

  • Houve um interesse renovado no pensamento de Agostinho (m. 430), incluindo sua ênfase na completa soberania de Deus. Esse, entretanto, foi a menor dos fatores.
  • A maioria, como Tomás de Aquino [1], acreditava que deveríamos cooperar com a graça de Deus, disponível aos homens através dos sacramentos.
  • Alguns poucos — nominalistas, ou “o jeito moderno” — criam que antes que, alguém pudesse receber a graça de Deus nos sacramentos, deveria dar o primeiro passo. Esse ensinamento de ter que “fazer o seu melhor” para receber a graça de Deus (em latim: facere quod in se est) foi o que Martinho Lutero aprendeu. Isso quase o deixou louco enquanto lutava com sua sensível consciência para saber se havia feito o suficiente.
  • Essas duas últimas visões levaram muitos a duvidar se haviam feito boas obras o suficiente para entrar no céu ou se seriam punidos por séculos no purgatório.
  • Em certo sentido podemos dizer então que a Reforma foi fundamentalmente uma reação bíblica e pastoral contra a teologia católica, e que a segurança da salvação era sua questão existencial mais importante. Na teologia de Lutero havia uma resposta bíblica para a pergunta “o que devo fazer para ser salvo?”, uma que não tinha sua ênfase no esforço humano, mas na graça de Deus que nos é dada em Cristo.

3. O humanismo foi importante.

  • Humanismo foi uma abordagem educacional que enfatizou a necessidade de ir ad fontes (“às fontes”) , lendo no original grego e latim a literatura greco-romana.
  • Nesse interesse humanista, Erasmo publicou o Novo Testamento Grego em 1516. Isso teve mais impacto na Reforma do que qualquer outro evento, pois agora pensadores acadêmicos poderiam, pela primeira vez em séculos, ler o NT em sua língua original.
  • Por exemplo, um ano após a publicação de Erasmo, ela foi usada por Lutero nas 95 Teses, quando ele disse que a mensagem de Jesus era “arrependimento” (em grego) e não “faça penitência”, o que foi a leitura latina por séculos.

Martinho Lutero (1483–1546) e o Luteranismo

A busca de Lutero pela certeza da salvação — juntamente com sua leitura de Agostinho e, especialmente, do Novo Testamento — levaram aos avanços da Reforma Protestante. Ela começou com Lutero esforçando-se para entender Romanos 1:17 em seu contexto imediato, o que o fez questionar se a venda de indulgências era apropriada, posteriormente a crítica de outras doutrinas católicas na esperança da reforma da igreja, e acabou com sua excomunhão. Assim começaram os primeiros grupos “protestantes”, apropriadamente nomeados por causa de seu fundador. James Atkinson está certo: “A Reforma é Lutero e Lutero é a Reforma”.

  • Pelo seu desejo de salvar sua alma, Lutero entrou em um monastério agostiniano em 1505.
  • Batalhando contra profundas dúvidas espirituais (em alemão: Anfechtungen), Lutero encontrou conforto na leitura de Santo Agostinho. Mas foi especialmente ajudado pelo Novo Testamento na língua original.
  • Para que tirasse a cabeça de suas perguntas introspectivas, seus superiores o mandaram fazer um Ph.D, e em 1512 se tornou professor de Bíblia de Wittenberg.
  • Ele poderia ensinar quaisquer livros da Bíblia que estivesse interessado, e suas escolhas foram uma incrível lista de “quero-me-tornar-um-protestante”: Salmos (1513–1515); Romanos (1515–1516); Gálatas (1516–1517); Hebreus (1517–1518); e Salmos mais uma vez (1518–1519).
  • Em 31 de Outubro de 1517, Lutero publicou suas 95 Teses para debater com outros acadêmicos se era apropriada a venda de indulgências para diminuição do tempo que uma alma passaria no purgatório, sofrendo pelos seus pecados. Lutero nem imaginava que isso seria um toque de trombeta para a Reforma. Na verdade, refletindo tempos deles, ele chamou as teses de “fracas e papistas”.
  • Mas sua obra atraiu a atenção da igreja, e sua resposta para Lutero obrigaram o monge a desenvolver sua teologia rapidamente. Alguns dos eventos mais importantes foram:
  • Sua exposição da “teologia da cruz” (em contraste com a “teologia da glória”, que marcava a justificação pelas obras e orgulho da igreja Católica) na Disputa de Heidelberg (1518). O reformador Martin Bucer disse que se converteu ouvindo Lutero em Heidelberg.
  • Em “Dois Tipos de Justiça” (1518) Lutero distingue entre a “justiça outra” de Cristo, que é dada para o cristão pela fé, e a “justiça própria”, resultado da justiça imputada de Jesus.
  • Na Disputa de Leipzig (1519) contra Johann Eck, Lutero chegou a conclusão que apenas a Bíblia (sola Scriptura) era a autoridade em questões de doutrina e prática cristãs.
  • No Cativeiro Babilônico da Igreja (1520) Lutero negou os sete sacramentos da igreja em prol das suas ordenanças bíblicas — batismo e eucaristia.
  • Lutero ensinava a presença corpórea de Cristo “em, com e sob” (nas palavras dos teólogos luteranos posteriores) o pão e vinho da Ceia.
  • Lutero acreditava que crianças deveriam ser batizadas depois que o Evangelho fosse pregado no culto batismal já que Deus soberanamente daria fé através do Evangelho.
  • Em A Liberdade do Cristão (1520) Lutero expôs com muita beleza o papel da fé em unir o cristão com Jesus, assim entregando todos os benefícios de Cristo desde que começamos a crer.
  • Lutero foi inicialmente protegido da Igreja Católica por Frederico o Sábio, da Saxônia, e pelo jovem Imperador Romano-Germânico, Carlos V, que não desejava assumir seus deveres imperiais rapidamente. Mas com o desenvolvimento de sua teologia, Lutero invocou a ira tanto da igreja como do Império. Ele foi excomungado pela Igreja Católica em Janeiro de 1521, e declarado criminoso pelo Império na Dieta de Worms em Abril o mesmo ano, depois de um discurso onde declarava que era cativo da Escritura, e não da tradição da igreja.
  • Após isso foi exilado por Frederico no castelo de Wartburg, onde, apesar de afirmar ser atormentado pela preguiça, traduziu o Novo Testamento para o alemão em cerca de 11 semanas!
  • Lutero retornou para Wittenberg e liderou os esforços da Reforma pelo resto de sua vida. Sua abordagem era uma reforma lenta, só mudando a liturgia e práticas católicas no que era essencial para o Evangelho.
  • Isso levou ao chamado “princípio normativo” do luteranismo (e anglicanismo), a ideia que qualquer coisa era permitida durante o culto da igreja, desde que as Escrituras não a proibissem explicitamente.
  • Em contraste temos o “princípio regulador” do calvinismo, a noção de que Deus cuidadosamente regulou nas Escrituras como quer ser adorado. A igreja então é obrigada a só fazer durante o culto o que a Escritura explicitamente requer ou modela.
  • Lutero casou com Catarina von Bora em 1525.
  • Também em 1525, Lutero escreveu um de seus grandes tratados, A Escravidão da Vontade, em resposta a obra do ano anterior, Sobre o Livre Arbítrio, de Erasmo. A Escravidão de Lutero é uma defesa exaustiva da doutrina bíblica da soberania de Deus na salvação, exigida devido a morte da humanidade em pecado.
  • Na Disputa de Malburgo (1529), Lutero e Ulrico Zuínglio falharam em chegar num consenso Protestante quanto a Ceia do Senhor. Por causa disso, as tradições luterana e reformada do protestantismo continuaram como movimentos distintos ao longo do século dezesseis.
  • Os luteranos foram chamados de “protestantes” pela primeira vez na Dieta de Speyer, em 1529.
  • Lutero acreditava que a justificação pela fé somente (sola fide) era central para a fé cristã. Nos Artigos de Esmalcalde de 1537 disse: “Nada nesse artigo [justificação] pode ser abandonado ou comprometido, mesmo se o céu, a terra e as coisas temporais sejam destruídos… Nesse artigo está tudo o que ensinamos e praticamos contra o papa, o diabo e o mundo. Portanto devemos estar certos e não ter dúvidas quanto a ele. Caso contrário, tudo estará perdido, e o papa, o diabo e todos nossos adversários serão vitoriosos”.
  • No final de sua vida Lutero falava com uma frustração cada vez maior contra os judeus, decepcionado por ainda não haver uma conversão em massa para Cristo como seu Messias. Seus comentários ácidos e pecaminosos foram usados por nazistas em defesa do Holocausto.
  • Depois da morte de Lutero em 1546, Filipe Melanchthon (m. 1560) passou a liderar o Luteranismo. Ele mudou a teologia agostiniana de Lutero, dando ênfase na necessidade de cooperação humana com a persuasão divina do pecador pelo Evangelho. No final do século o Luteranismo havia caminhado em uma direção que — pelo menos soteriologicamente falando — Lutero não reconheceria [2].

João Calvino (1509–64) e a tradição Reformada

A outra principal tradição Protestante traça suas raízes até Calvino. O calvinismo[3] tinha muito em comum com o luteranismo (i.e., sola Scriptura, justificação sola fide, pedobatismo). Ainda assim se desenvolveu em direções mais consistentemente bíblicas em doutrinas como predestinação e adoração na igreja.

  • O fundador dessa tradição foi Zuínglio, que ministrava em Zurique, na Suíça em 1519–1531. Morreu lutando contra Católicos que invadiam a cidade. Suas ênfases teológicas eram:
  1. Pregação expositiva (não sabendo onde começar, já que nunca havia visto alguém pregar assim, escolheu Mateus 1:1).

2. O princípio regulador do culto.

3. Uma abordagem aliancista na leitura das Escrituras, vendo uma grande continuidade do Antigo para o Novo Testamento, diferente da abordagem de Lutero, que focava em uma descontinuidade da Lei e do Evangelho.

  • João Calvino então tornou-se o líder dessa tradição. Sua biografia não é tão empolgante quanto a de Lutero e Zuínglio.
  • Nascido na França e formado como um advogado na tradição humanista, Calvino se converteu para o Protestantismo entre 1533 e 1535.
  • Desejando ser um escritor, enquanto fugia da França por conta de sua fé parou por uma noite em Genebra, na Suíça, em 1536. O evangelista protestante Guilherme Farel (m. 1565) convenceu Calvino para ficar e ajudar a liderar a causa da Reforma na cidade.
  • Calvino foi exilado de Genebra durante 1538–41 para Estrasburgo, onde foi grandemente influenciado por Martin Bucer (m. 1551), um dos grandes pastores da Reforma. Ali Calvino casou com Idelette de Bure.
  • Quando voltou para Genebra, Calvino foi o principal promotor teológico contra o unitário Michael Servetus, que foi executado como herege em 1553. Calvino não era o juiz nem fazia parte do júri. Essa honra duvidosa vai para o conselho da cidade de Genebra.
  • Calvino trabalhou incansavelmente até quase o final de sua vida, sofrendo problemas de saúde causados em parte pelas poucas horas de sono (ao redor de 4 horas) todas as noites pela maior parte de sua vida adulta.
  • Calvino foi o grande sistematizador da Reforma. Algumas de suas contribuições teológicas mais importantes incluem:
  1. As Institutas da Religião Cristã. A primeira edição foi publicada em 1536; e a última em 1559 era cerca de cinco vezes maior. As importantes doutrinas que Calvino discute na obra compreendem:

— Conhecimento de Deus;

— As Escrituras. Deus utiliza uma linguagem adequada a nossa capacidade limitada, comparável a como um pai fala com seu filho; o Espírito autentica a veracidade das Escrituras para os cristãos enquanto esses as leem;

— A absoluta providência de Deus;

— Devido a nosso pecado em Adão, Deus deve nos salvar; não podemos fazer nada para nossa própria salvação;

— Justificação é pela fé somente, através da obra de Cristo somente, somente por causa da graça de Deus;

— Ela resulta na união com Cristo;

— Ela só ocorre pela obra de Deus em predestinar os eleitos, uma predestinação graciosa, soberana e dupla (o que significa que Deus também decidiu eternamente o destino dos não-eleitos) [4];

— A principal metáfora para a vida cristã é a de um peregrino; um crente em terra estranha, levando a cruz de Cristo em seu caminho para o céu;

— A igreja visível não é a mesma que a igreja invisível, essa última consistindo apenas pelos eleitos;

— Cristo está espiritualmente presente na Ceia do Senhor, enquanto o Espírito levanta o cristão para ter comunhão com Cristo no céu;

— Defende o pedobatismo, enxergando a continuidade do rito da circuncisão da antiga aliança com o batismo na nova aliança.

2. Calvino era um energético escritor de comentários, sendo seu primeiro o do livro de Romanos (1540). Seu objetivo era ser “claramente breve”.

3. Sua Resposta a Sadoleto (1539) é a mais curta e vigorosa introdução a teologia de Calvino. Também incluiu alguns dos únicos trechos autobiográficos de sua obra.

  • Calvino seguia firmemente o princípio regulador, chegando a só permitir o canto acapella dos Salmos durante o culto.
  • O conselho da cidade de Genebra pagava um estenógrafo para escrever os sermões de Calvino (ele pregava várias vezes por semana, normalmente sem anotações, apenas com o Antigo Testamento em hebraico ou o Novo Testamento em grego), que seriam então publicados.
  • Calvino deu destaque para a importância de missões, enviando mais de 100 jovens para a França católica como plantadores de igrejas e até mesmo mandando dois genebrinos para o Brasil. Calvino não era um hipercalvinista! [5]

A tradição anabatista

Lutero e Calvino foram “reformadores magistrais” pois foram, em certo sentido, ajudados pelo governo (o magistério). Os anabatistas foram a primeira tradição de “igreja livre” pois achavam que a igreja e o governo deveriam se desassociar um do outro. Apesar do nome que pode dar a entender que eram proto ou pré-batistas, eles tinham muitas visões únicas. Foram ferozmente perseguidos tanto por protestantes quanto católicos em quase toda a Europa, encontrando abrigo apenas em partes da Morávia e Holanda.

  • Alguns de seus líderes e eventos mais importantes foram:

— 1525: o primeiro batismo de alguém como professo seguidor de Cristo em Zurique, com imediata perseguição em todos os lugares que fugiam.

— 1527: a publicação da Confissão de Schleitheim, uma declaração de sete pontos doutrinários essenciais da fé anabatisma.

— 1528: o teólogo anabatista mais bem treinado, Balthasar Hubmaier, e sua mulher foram executados por católicos em Vienna.

— 1529: a Dieta de Speyer tornou ilegal que qualquer pessoa no Sacro Império Romano-Germânico fosse “rebatizada” (ana-batizada),

— Thomas Müntzer (m. 1525), um radical que comandou exércitos durante a Guerra dos Camponeses, e a queda em imoralidade da cidade de Münster liderada por dois anabatistas em 1534–35, manchou a reputação dos anabatistas, retratados como uma seita pecaminosa

— Menno Simons (m. 1561) foi o escritor anabatista mais antigo e que viveu por mais tempo.

  • Algumas crenças distintivas dos anabatistas:

— A igreja era uma comunidade de discípulos comprometidos que haviam considerado o custo de seguir Jesus, incluindo o sofrimento pela sua fé. Ela é distinta da sociedade secular ao seu redor.

— O batismo (geralmente feito por aspersão, e não a imersão na água) era somente para aqueles que fizessem uma profissão de fé em Jesus.

— Cristãos devem ser separados do mundo, então não devem servir o governo municipal ou os militares.

— A igreja deveria “banir” (i.e., excomungar) aqueles que falharam em viver de acordo com seus requisitos.

— Uma aversão a soteriologia calvinista.

Reação católica no Concílio de Trento

Já percebemos como Lutero se posicionou quanto a Igreja Católica. Finalmente, de 1545–1563, o Concílio de Trento respondeu ao protestantismo de forma decisiva, fazendo contrapontos as doutrinas da autoridade da igreja, justificação, sacramentos, etc.

  • Quanto a autoridade em matéria de doutrina, Trento disse que a verdade é contida tanto “nos livros escritos [da Bíblia] quanto nas tradições não escritas — essas tradições não escritas, isto é, recebidas ou do próprio Cristo ou pelos próprios apóstolos (sendo ditadas pelo Espírito Santo) e vieram até nós sendo transmitidas como de mão em mão”. Anularam o sola Scriptura.
  • Quanto a justificação, Trento claramente a identificou como consistindo tanto do perdão de pecados como da santificação: “Justificação não é apenas a remissão de pecados, mas a santificação e renovação do interior do homem através do recebimento voluntário da graça e dádivas pelas quais um homem se torna justo ao invés de injusto”.
  • Trento tornou anátema (excomungou) aqueles que ensinavam que a justificação era sola fide (“pela fé somente”) pela imputação da justiça de Cristo somente.
  • Trento também tornou anátema a visão de que uma pessoa justificada poderia ter a segurança de sua salvação nessa vida (esse privilégio sendo dado apenas a alguns “santos”).
  • Trento também reafirmou o ensinamento católico dos sacramentos, incluindo a doutrina da transubstanciação (que o pão e o vinho miraculosamente se transformam no corpo e no sangue de Cristo), juntamente com a crença de que a Missa é um sacrifício propiciatório que representa de uma maneira não-sangrenta auto-oferta de Cristo no altar da cruz novamente para os fiéis quando tomam a eucaristia.
  • A reação de Trento para o “princípio formal” (sola Scriptura) e o “princípio material” (justificação sola fide) demonstra que a Reforma ainda tem uma profunda importância para os cristãos que creem na Bíblia. Já que reconhecemos nosso pecado e nossa inabilidade de fazer o bem, e já que vimos que Cristo conquistou todas as coisas necessárias para nossa salvação, dependemos totalmente de Sua misericórdia e encontraremos descanso para nossas almas apenas nele. O que Lutero, Calvino e outros redescobriram no século dezesseis ainda é tão relevante para nós quanto foi para eles.

Autor: Shawn Wright
Original: What Your Church Members Should Know About the Reformation
Tradução: Eduardo Almeida

[1] nota do tradutor: teólogos como R.C. Sproul acreditam que Tomás de Aquino possuía uma visão soteriológica mais agostiniana do que normalmente é retratado.

[2] n.t.: alguns teólogos discordariam desse ponto. O seguinte trecho de um dos principais documentos de fé luteranos deve exemplificar como o debate do monergismo/sinergismo luterano é mais complexo do que aparenta: “A eterna eleição de Deus, porém, não só vê e sabe antecedentemente a salvação dos eleitos, mas por sua graciosa vontade e beneplácito de Deus em Cristo Jesus, também é causa que cria, opera, ajuda e promove a nossa salvação e tudo o que a ela pertence. E nossa salvação está fundamentada nisso de maneira tal que “as portas do inferno” (Mt 16.18) nada podem contra ela..” (Livro de Concórdia. In: Fórmula de Concórdia. Declaração Sólida — Artigo XI, pp. 661,663,664)

[3] n.t.: nome nunca incentivado por Calvino, assim como luteranismo não era incentivado por Lutero

[4] n.t.: a discussão sobre predestinação dupla divide opiniões entre teólogos reformados e seus pormenores fogem do escopo do autor nesse artigo

[5] n.t.: nome pejorativo dado aqueles que, usando como desculpa a soberana eleição de Deus, ignoram a necessidade de evangelismo e missões