Quando um estudante – de teologia principalmente – inicia sua jornada de estudos, muitas das vezes ele cai sorrateira e imperceptivelmente na armadilha de pensar ter respostas para tudo. Na verdade, este tipo de postura tem se tornado regra.
Este comportamento é prejudicial em vários sentidos porque transforma o estudante num idólatra de si mesmo, num arrogante da pior espécie, que se utiliza das riquezas e da profundidade das matérias propostas pela teologia, afim de construir para si mesmo uma falsa, perversa e ridícula autoimagem. Alguém, com 3, 4 anos de teologia, a bem da verdade, não sabe quase nada, o que torna a arrogância do sujeito que assim se comporta absolutamente risível.
Percebo grande dificuldade no estudante – de teologia principalmente – em dizer: não sei. Parece que para não perder o status e se manter de igual para igual nas rodas de conversa, sustenta-se a postura quase que teologicamente onisciente. Ora, pessoal! Quanta bobagem! Nossa área de atuação – a teologia – o material científico-acadêmico a ser estudado é ainda tão vasto, quase que infinito, que arrogarmos para nós mesmos algum tipo de autoridade acadêmica, ainda que indireta e inconscientemente,não passa de tolice!
Olhem para os grandes eruditos, para os acadêmicos, para os caras que tanto admiramos e lemos, muitos deles estudam e laboram já há 20, 30, 40 anos, e suas obras, as quais temos como referências, são frutos de todo esse processo de amadurecimento acadêmico e pessoal.
Não! Nós não seremos teólogos ao sairmos do bacharelado em teologia ou do seminário. Seremos bacharéis em teologia. A bem da verdade, um bacharel em teologia nem saiu das fraldas. A teologia é uma ciência altamente complexificada, e o teólogo é aquele que mergulha nesse mundo, pensa, produz, lê muito, pesquisa muito, escreve muito, propõe, questiona, reformula, ouve, fala, tudo isso em alto nível acadêmico. Mas vou além, o teólogo também experimenta e vivencia suas convicções no chão da vida cotidiana. Ele chora, ri, prega, ora, edifica, é edificado, adora, brinca, protesta, opina, ele vive! Vive sua vida com tudo que tem e pode para a glória de Deus.
Trocando em miúdos: vamos baixar nossa bola! Vamos aprender a lidar com as nossas limitações e com a nossa finitude, vamos aprender a ouvir e ler mais, aprendamos de uma vez por todas a dizer ‘não sei’, sem peso na consciência, nós ainda estamos no começo. Nossa empreitada acadêmica e o conhecimento advindo dela não deve ser utilizado como ferramenta de auto-exaltação, mas de serviço piedoso e humilde na edificação de nossos irmãos.
Que Deus nos alcance!
Lucas Freitas é plantador da Igreja Presbiteriana do Brasil na cidade de Cunha/SP, é formado no SEDEC – Seminário de Desenvolvimento Comunitário pelo CADI Brasil e na Escola Compacta pela Missão Steiger Brasil. Atualmente cursa o sétimo semestre de teologia pela FUNVIC – Fundação Universitária Vida Cristã em Pindamonhangaba/SP.