Uma das séries mais assistidas e comentadas nas redes sociais nos últimos meses, principalmente entre o público jovem, se chama “13 Reasons Why” ou “Os 13 porquês”. A plataforma de streaming NetFlix se nega a divulgar os números de audiência, porém, é notório o quanto a série que é baseada no livro de Jay Asher tornou-se um sucesso global e chamou atenção de jornais, revistas e blogs.
A sinopse já é uma espécie de spoiler: depois de sofrer abusos físicos, sexuais e psicológicos, Hannah Baker de 17 anos vê-se completamente destruída a ponto de enxergar apenas uma resposta para seus problemas: por fim a sua própria vida.
É nesta temática a respeito do suicídio que a trama desenvolve sua narrativa, “Talvez eu nunca saiba por que vocês fizeram o que fizeram. Mas eu posso fazê-los sentir como foi”, diz Hannah ao gravar fitas cassetes para narrar em detalhes os porquês de sua ruína antes de se suicidar
Lado A
A série rapidamente se torna um sucesso global, uma vez que o assunto bullying, cyberbullying, depressão e suicídio atingem em cheio a geração atual de adolescentes e jovens. É de se elogiar a coragem em abordar assuntos tão delicados e que ao mesmo tempo são de extrema importância. Devemos sim falar sobre agressões físicas e psicológicas, estupro, assédios, depressão e suicídio, pois tratam de assuntos reais e problemas atuais do qual atinge a grande maioria dos jovens do ensino fundamental, médio e também superior.
Atualmente, o Brasil está entre os 10 países com maior número de registros de suicídios no mundo, de acordo com os dados da Organização Mundial da Saúde (OMS), o que significa que suicídio não é brincadeira, frescura e precisa ser conversado e discutido seriamente. Entretanto, a série acabou fazendo um desserviço maior do que sua beneficência, e explicarei os porquês.
Lado B
Ao mesmo tempo que se aborda assuntos delicados e profundos a série “Os 13 porquês”, simplesmente ignora e contraria as principais recomendações da OMS a respeito do suicídio. Ora, a série acaba romantizando este ato negativo trazendo “justificativas” para que o mal tenha uma certa aparência de bem.
Em vários momentos, os personagens abordam e trazem a ideia de que o suicídio é uma opção plausível quando na verdade ignora-se o fato de que mais de 90% dos casos estão relacionados a um adoecimento mental, onde a pessoa fragilizada está aprisionada num cenário falso de opções.
Outro ponto é que sua personagem principal, Hannah Baker deixa 13 fitas, 13 porquês, 13 pessoas, 13 culpados. Não há que se negar os atos criminosos e desumanos que ela sofreu durante sua adolescência, mas atribuir a total culpa de seu ato a terceiros e de forma vingativa, do qual a personagem retribui maldade com mais maldade é um ponto em que nada se edifica.
E por fim, o erro mais absurdo e escancarado da série é a exposição detalhada da cena de suicídio de Hannah Baker. Existe, na psicanálise um estudo a respeito de quanto um suicídio pode inspirar outras pessoas que se identificam em sua fragilidade e dor a cometer a mesma atitude gerando um efeito cascata.
Parece que, na sua negligência ou busca por sucesso através de temas delicados, a produção da série decidiu ir contra todos os Manuais de Prevenção de Suicídio gerando assim, um perigoso gatilho para aqueles que lutam contra a depressão. O mundo está cheio de porquês para a morte e, nós, não podemos ignorar o fato de que esse sucesso da série é, na verdade, um grito da sociedade contra a morte. Aliás, esse é o problema.
A morte destrói tudo ao seu redor.
Existe uma narrativa muito interessante em Lucas 7.11-17. Jesus, seus discípulos e uma grande multidão que os seguia se aproximam de uma cidade chamada Naim e se deparam com um funeral de caixão aberto: o único filho de uma viúva ia ser enterrado.
Dia horrível para aquela mulher, um dia onde sua alma fora destruída pela perda de seu único filho e todo o seu sofrimento está exposto ali diante de todos.
Ao longo dos anos, na jornada da vida, eu e você passaremos por momentos de sofrimento, dor e destruição, pois sabemos que não somos imunes ao sofrimento. Na série “Os 13 porquês” Hannah Baker também não era imune ao sofrimento e mais do que isso, ela foi machucada diariamente por diversos tipos de agressões. Ela precisava de ajuda e todo o seu sofrimento culminou com sua trágica morte.
A morte de Hannah Baker destruiu as pessoas que estavam a sua volta, acabou com seu amigo Clay Jensen que, nutria uma paixão secreta por ela e não deixou de aniquilar a vida de seus pais que tanto a amavam e que ficaram extremamente abalados com a perda.
É isso que a morte faz. Ela afeta a todos e destrói tudo ao seu redor. O texto bíblico nos informa que uma grande multidão chorava a dor da viúva de Naim, bem como seus amigos, familiares e toda a aldeia destruída lamentando a morte de um jovem.
Vários porquês.
De maneira semelhante essa é a dor que Hannah Baker deixou com sua atitude suicida. Obviamente o texto bíblico não diz que o filho daquela viúva suicidou-se aliás, de acordo com a narrativa, com o contexto bíblico e cultural, tenho a mais absoluta certeza de que o suicídio não foi a causa mortis daquele jovem. Mas ao nos conectarmos emocionalmente com a dor daquela viúva percebemos claramente que ela está destruída, quebrada e vivendo o pior dia da sua vida.
Uma mulher pobre e de uma cidade insignificante que enfrenta o seu segundo funeral. Sim, o texto nos informa que, anteriormente, esta mulher já havia enterrado o seu marido.
Logo numa época onde não havia previdência social, temos uma mulher desamparada, completamente destruída, que antes tinha uma família e agora está no funeral de seu próprio filho.
Sinceramente, não sei se existe algo mais devastador do que um pai e uma mãe enterrarem seu filho. Eu não consigo mensurar a dor daquela viúva, mas em sua angústia ela poderia afirmar, como disse Hannah Baker, que “a partir de hoje ela estava morta por dentro.”
Aos olhos de um mundo desconectado de Deus, essa viúva de Naim não tinha apenas uma certa quantidade de porquês, mas sim todos os porquês do mundo para desistir de viver. Pode-se dizer que, a partir da filosofia do seriado essa viúva de Naim não tinha outra saída a não ser desistir.
Porém, a verdade é que,
por mais que todas as coisas estejam caindo ao seu redor a morte nunca tem a última palavra, pois nada, absolutamente nada, é significativo para que alguém tire a sua vida. Existe uma resposta para viver: Cristo Jesus.
Uma resposta para viver: Jesus de Nazaré!
Uma das coisas mais belas desta narrativa bíblica é vermos Cristo Jesus saindo de Cafarnaum e caminhando 35km num terreno montanhoso em direção a Naim. Podemos até imaginar a situação e os discípulos questionando Jesus: “Mestre você precisa parar e ensinar este povo… Mestre, você precisa curar… Mestre, não há nada e ninguém em Naim! Mestre, faremos o quê naquela cidadezinha sem importância?”
E Jesus vai para Naim com o propósito de encontrar aquela viúva no meio da sua dor e de seu sofrimento. Jesus persegue, intencionalmente, uma mulher que nem o conhecia. Jesus a escolhe, Jesus a busca, pois Jesus decidiu amar aquela viúva de Naim e restaurar a sua vida.
É isso que Cristo Jesus faz. Ele vai ao encontro de pessoas totalmente destruídas para trazer vida e vida em abundância.
Movido por uma profunda compaixão Jesus se identifica com o sofrimento daquela mulher e ordena: “Não chore!”. Em seguida, toca o caixão e ordena ao jovem: “Levante-se!”, então jovem que antes estava morto volta a viver.
Dois imperativos, “Não chore!” e “Levante-se”, e neste momento Cristo Jesus alcança literalmente a morte restaurando não só a vida daquele jovem, mas a alma de sua mãe.
Jesus revela que Ele é a resposta e que a morte nunca tem a última palavra, pois Ele é a ressurreição e a vida.
Hannah Baker, Viúva de Naim, eu e você.
Quando falamos sobre a morte como uma desconexão com Deus, eu e você não somos em nada diferentes de tantas Hannah Bakers e viúvas de Naim espalhadas por aí, mas Deus é tão rico em misericórdia e nos amou tanto que, embora estivéssemos mortos por causa de nossos pecados, ele nos deu vida juntamente com Cristo. É pela graça que vocês são salvos!
Essa é a nossa má notícia. Embora fisicamente vivos, estávamos mortos em nossos pecados, mortos por dentro, sem nenhuma condição de nos relacionarmos com Deus. Mas a boa notícia é que Deus, por seu incalculável amor veio restabelecer essa conexão perdida por meio de Cristo Jesus.
E é Cristo Jesus que nos encontra em meio ao nosso sofrimento, é Cristo Jesus que nos toca, é Cristo Jesus que encara a morte numa cruz no nosso lugar e vence a morte ressuscitando no 3º dia. Então Ele nos dá um novo coração, uma nova vida, uma nova natureza, um novo poder pelo Espírito Santo de Deus e te diz que a morte nunca terá a ultima palavra!
Compartilhando a vida!
Se o mundo está cheio de porquês para a morte e o sucesso da série “Os 13 porquês” revela um grito de socorro da sociedade então, mais do que nunca o dever de proclamar a resposta está sobre os discípulos de Jesus que, pela graça já desfrutam da vida plena e abundante.
Hoje, eu e você somos comissionados a proclamar a resposta para aqueles que estão destruídos por abusos físicos e psicológicos, sofrem com depressão, não conseguem enxergar um cenário positivo por estarem adoecidos mental e espiritualmente e pensam em desistir de viver.
A resposta para a dor nunca será um seriado da Netflix ou uma atitude desesperada de por fim a sua própria vida. A resposta para o sofrimento sempre será o nome daquele que não é indiferente ao sofrimento, aquele que carregou todos os nosso pecados, que sabe o que é sofrer, que sabe o que é morrer, e que se entregou por amor com o único propósito de restaurar vidas: Jesus Cristo.
Ele é a resposta que deve ser proclamada. Ele é a Ressurreição e a Vida.
Que Deus te abençoe na certeza de que em Cristo Jesus todas as coisas ficarão bem.